CONSEQUENCIAS
AUTISMO E ABANDONO AFETIVO
Eu inicio este artigo realizando uma pergunta a todos.
Em 2020 com a vinda da pandemia milhares de mulheres engravidaram de uma grande demanda de crianças autistas, crianças que sofreram abandono tanto por parte dos pais que não suportaram ou não souberam lidar com a questão do transtorno TEA, como também abandono da própria mãe.
Era só abrir o canal de noticiais que pude observar o medo, a irresponsabilidade, a imaturidade, a falta de orientação, sensibilização e amor maternal destes pais, que não estavam e não estão ainda, preparados psicologicamente para enfrentar a vida e criar seus próprios filhos, preferindo abandonar e esquecer este filho como faz com um animal de estimação após adoção e arrependimento, e isso assusta muito!
E me pergunto se estes pais de autistas foram abandonados na infância para ter um comportamento tão hostil, irresponsável e de caráter doentio, ou estão em estado de histeria, pois somente um "sociopata " ou um "psicopata" não sente emoções, e não se coloca no lugar do outro, ou é uma questão financeira e o governo não esta dando suporte a esta famílias, que tem derá que este auxilio esta cobrindo os custos da criança e do adolescente autista?
Será que este auxilio realmente cobre as necessidades da pessoa autista?
Se a pessoa consegue realizar uma avaliação, que aponte o diagnóstico TEA, ela tem direito de receber o BPC e o LOAS, único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), passando por uma avaliação social. Autistas tem direito ao "Benefício de Prestação Continuada", o benefício é pago pelo "Instituto Nacional de Seguro Social" (INSS, no valor de um salário mínimo mensal para autistas, que tem como função, garantir a proteção social e o atendimento às necessidades básicas.
Outros direitos e benefícios estão:
- - Redução na carga de trabalho
- - Fila preferencial
- - Vagas para deficientes
- - Cobertura do plano de saúde
- - FGTS para pais de autistas
- - Isenção de imposto na compra de veículo adaptado
Mas a questão aqui é uma criança que foi gerada, e é sangue e parte deste pai ou mãe. E faço uma pergunta: - "Isso é um problema das políticas públicas, ou do governo, ou da sociedade, ou da lei ou de nós todos?
Reflitam sobre esta questão tão séria!
Segundo o IBGE só em 2023 mais de 60 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe. A Lei atual 8.560/92 garante o reconhecimento fora do casamento sendo um direito irrevogável e ato criminoso o abandono de incapaz. O abandono da criança ou adolescente configura-se crime de incapaz , lei 8.069 de 13 de julho de 1990 é famigerado também como crime de "periclitação" ou sejá (Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa).
Muita pessoas acreditam que crianças com TEA, não tem sentimentos e não entendem o que é ser abandonado e rejeitado. Existem graus de autismo e cada pessoa pode ter desde altas habilidade, quanto prejuízos mais severos, mais todos sabem quando estão sendo rejeitadas, abandonada e sofrendo maus tratos.
Umas das causa do abandono afetivo de autistas e outras crianças com deficiências, são uma grande demanda de herdeiros do próprio abandono afetivo, que foram abandonados por seus pais na infância. São mães e pais adolescentes entre 12 a 18 anos de idade, que são totalmente despreparados e desestruturados, que fazem parte de uma massa delinquente juvenil, como já relatava Winnicott durante a segunda guerra mundial, no seu livro "Privação e Delinquencia, 1940".
O tema abandono afetivo é um problema que, se tornou uma responsabilidade do governo, das politicas públicas e toda sociedade, que precisa tomar uma atitude para ajudar a salvar estas crianças que estão em situações de vulnerabilidade. Estes adolescentes que além de sofrerem abandono afetivo, estão abandonando crianças deficientes. Isso torna a questão do abandono afetivo um problema caótico, que necessita de ações mais urgentes e eficazes, que precisam começar na escola e com mais trabalhos sociais governamentais, que de amparo a estas crianças com qualidade e individualidade.
As notícias do abandono afetivo são caóticas e uma delas publicada pelo jornal "O Globo" em 2014 de um menino de 12 anos abandonado no shopping pela mãe, onde a mãe alega dizendo não ter condições de cria-lo não é diferente de outra mãe que abandonou um bebê autista de apenas cinco anos. Estou deixando alguns links de noticiais antigas e atuais no referencial teórico, caso queiram acessar, de casos de abandono afetivo de crianças autistas.
E apesar de tantos jornais publicando sobre o abandono afetivo e em especial de crianças com deficiências ou transtornos mentais, a grande preocupação deste colapso caótico tem como culpado o governo junto do poder público ou quem é o culpado? Já que a omissão estatal frustra as expectativas e compromete o futuro dessas crianças.
Muitos pais de crianças com possíveis transtornos na aprendizagem e no neurodesenvolvimento, de baixa renda me procuram, e uma dessas crianças me chamou atenção, uma menina de apenas 12 anos de idade, que entrou em coma por 30 dias e teve uma regressão mental e uma possível demência que foi mal diagnosticada e investigada por alguns médicos do SUS, porém a criança após ter alta aos 6 anos de idade não foi avaliada por um neuropsicólogo e não frequenta as aulas, vive trancada em casa, os pais, me relataram que a criança não tem contato mais com o mundo fora de casa, e só chora e não consegue mais aprender. Fico de mãos atadas, pois mesmo que atenda de forma voluntária os testes tem custo alto e necessitam ser comprados segundo as normas do CRP e o CFP, e são muitas as crianças que necessitam não só de avaliação neuropsicológica mais também de intervenção e reabilitação neuropsicológica.
E minha pergunta é: - "Do que adianta uma ciência existir se não pode ser usufruída para quem necessita"?
A área da "Neuropsicologia Clínica) apesar de estar conosco desde 1990 é uma área de três ciências: neurologia, psicologia e da neurociências. É uma área muito pouco conhecida pela população de baixa renda, sendo mais limitada as classes mais ricas, o que é revoltante já que é uma ciência comprovada cientificamente, que poderia ser benéfica a todas as pessoas desde crianças , adultos e idosos, na área da saúde pública, porém ela passa longe do SUS e dos planos médicos, cabendo ao poder público se manifestar a favor destas crianças com transtornos no neurodesenvolvimento, intelectual, e na aprendizagem, ou seja quem necessita precisa recorrer ao Ministério Público.
A pergunta é o que a sociedade pode fazer para ajudar estas crianças que estão sendo abandonadas e tendo seu direito negado em ser assistidas como as crianças de classe média e alta?
O autismo é um transtorno genético, onde a idade avançada tanto do pai quanto da mãe, aumentam o risco de autismo.
Assim quanto mais cedo a criança for avaliada e diagnosticada, poderá ter tratamento e intervenções específicas para seu comprometimento.
A área da Neuropsicologia Clínica não só realiza exames detalhados capazes de identificar disfunções cognitivas e possíveis lesões cerebrais, como trabalha para estimular áreas comprometidas do SNC e reabilita-las, com vários tipos de técnicas e intervenções comprovadas cientificamente, nos casos de transtornos no neurodesenvolvimento, aprendizagem, demências e doenças degenerativas.
Psicóloga
CRP 06/181900
Especialista em:
Neuropsicóloga Clínica
Psicologia Cognitiva Comportamental TCC
REFERÊNCIAS
Disponível em:https://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2014/10/menino-autista-abandonado-em-shopping-esta-em-abrigo-ha-2-meses.html
Disponível em: https://bebemamae.com/mamae/menino-autista-de-5-anos-e-abandonado-pela-mae-com-triste-bilhete
Disponível em: https://paisefilhos.uol.com.br/crianca/mae-abandona-crianca-autista-de-5-anos-e-deixa-bilhete-de-partir-o-coracao/
Disponível em: https://www.canalautismo.com.br/noticia/mae-abandona-crianca-autista-no-parana-e-vai-para-santa-catarina/
Disponível em:https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2023/08/23/gemeas-autistas-sao-levadas-para-abrigo-no-interior-do-acre-apos-serem-abandonadas-pela-mae.ghtml
Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2021/julho/trinta-e-um-anos-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-confira-as-novas-acoes-para-fortalecer-o-eca/ECA2021_Digital.pdf
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